Haikai
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Haikai (俳句 Haiku ou Haicai?) éuma forma poética de
origem japonesa,
que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm
três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando
sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas). [1] Em
português é escrito Haicai, no Brasil, e Haiku, em Portugal.
Em japonês,
haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto
haiku em Língua Portuguesa geralmente
aparecem em três linhas, em paralelo[2].
Muitas vezes, há uma pintura a acompanhar o
haicai (ela é chamada de haiga).
"Haijin" é o nome que se dá aos escritores desse tipo de
poema, e principal haijin (ou haicaísta), dentre os muitos que
destacaram-se nessa arte, foi Matsuô Bashô (1644-1694),
que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual.
Segundo Goga (1988), o primeiro autor
brasileiro de Haicai foi Afrânio Peixoto, em 1919, através de seu livro Trovas
Populares Brasileiras, onde prefaciou suas impressões a respeito do poema
japonês:
“Os japoneses possuem
uma forma elementar de arte, mais simples ainda que a nossa trova popular: é o
haikai, palavra que nós ocidentais não sabemos traduzir senão com ênfase, é o
epigrama lírico. São tercetos breves, versos de cinco, sete e cinco pés, ao
todo dezessete sílabas. Nesses moldes vazam, entretanto, emoções, imagens,
comparações, sugestões, suspiros, desejos, sonhos... de encanto intraduzível”[3].
Quem o popularizou,
porém, foi Guilherme de Almeida, com sua própria
interpretação da rígida estrutura de métrica, rimas e título. No esquema
proposto por Almeida, o primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo verso
possui uma rima interna (A 2ª sílaba rima com a 7ª sílaba). A forma de haikai
de Guilherme de Almeida ainda tem muitos praticantes no Brasil.
Outra corrente do
haikai brasileiro é a tradicionalista, promovida inicialmente por imigrantes ou
descendentes de imigrantes japoneses, como H. Masuda Goga e Teruko Oda.
Esta corrente define haikai como um poema escrito em linguagem simples, sem
rima, estruturado em três versos que somem dezessete sílabas poéticas; cinco
sílabas no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro. Além disso, o
haikai tradicional deve conter sempre uma kigo. Estas são palavras
ou frases, utilizadas na poesia japonesa, que têm uma associação com uma
estação do ano. (Ex.: "sakura", "flor de cerejeira", é
associada à Primavera).
Como fonte nipônica
do ainda haiku, em sua forma original, GOGA [3] atribui aos imigrantes japoneses,
que começa com a chegada do navio Kasato Maru ao porto de Santos em 18 de junho
de 1908. Nele estava Shuhei Uetsuka (1876-1935), um bom poeta de haiku,
conhecido como Hyôkotsu. Consta ter sido a sua primeira produção, momentos
antes de chegar ao porto de Santos, o seguinte haiku:
A nau imigrante
chegando: vê-se lá do
alto
a cascata seca.
Foi na década de 1930
que aconteceu o intercâmbio e difusão do haiku entre haicaístas japoneses e
brasileiros, constituindo-se, assim, outro caminho do haikai no Brasil. Foi
naquela década também que apareceu a mais antiga coletânea de haikais chamada
simplesmente Haikais, de Siqueira Júnior, publicada em 1933. Guilherme de
Almeida, no ano anterior, havia publicado Poesia Vária, mas o livro não era
exclusivamente de haikais. Fanny Luíza Dupré foi a primeira mulher a publicar
um livro de haikais, em fevereiro de 1949, intitulado Pétalas ao Vento –
Haicais. As rotas do haikai no Brasil podem ser resumidas cronologicamente da
seguinte forma:
·
Em 1879, através do livro Da França ao Japão, de Francisco Antônio
Almeida.
·
Em 1908, através da chegada dos imigrantes japoneses ao porto de Santos.
·
Em 1919, através do livro Trovas Populares Brasileiras de Afrânio
Peixoto.
·
Em 1926, através do cultivo e difusão do haiku dentro da colônia por
Keiseki e Nenpuku.
·
Na década de 1930, através do intercâmbio entre haicaístas japoneses e
brasileiros, principalmente pelo próprio H. Masuda Goga.
Com a ambientação e a
difusão do haiku em língua portuguesa, algumas correntes de opinião [3] sobre este se formaram:
·
A corrente dos defensores do conteúdo do haiku;
·
A corrente dos que atribuem importância à forma;
·
A corrente dos admiradores da importância do kigo.
Os defensores do
conteúdo do haiku são aqueles que consideram algumas características do poema
peculiares, como a concisão, a condensação, a intuição e a emoção, que estão ligadas
ao zen-budismo. Oldegar Vieira é um haicaísta que aderiu a essa corrente.
Os que consideram a
forma (teikei) a mais importante seguem a regra das 17 sílabas poéticas
(5-7-5). Guilherme de Almeida não só aderiu a essa corrente como criou uma
forma peculiar de compor os seus poemas chamados de haikais “guilherminos”.
Abaixo, a explicação da forma conforme o gráfico que o próprio Guilherme
elaborou:
_______________ X
___ O ______________ O
_______________ X
___ O ______________ O
_______________ X
Além de rimar o primeiro verso
com o terceiro e a segunda sílaba com a sétima do segundo verso, Guilherme dava
título aos seus haikais. Exemplo (GOGA, 1988, p. 49):
Histórias de algumas vidas
Noite. Um silvo no ar,
Ninguém na estação. E o
trem
passa sem parar.
Os admiradores da importância do
kigo respeitam em seus haikais o termo ou palavra que indique a estação do ano.
Jorge Fonseca Júnior é um deles. Apesar de existirem essas distinções
retratadas aqui como correntes, nomes como os de Afrânio Peixoto, Millôr Fernandes,
Guilherme de Almeida, Waldomiro Siqueira Júnior, Jorge Fonseca Júnior, José
Maurício Mazzucco, Wenceslau de Moraes, Oldegar Vieira, Osman Matos, Abel
Pereira e Fanny Luíza Dupré são importantes na história do haikai no Brasil.
Referências
1. ↑ Lanoue, David G. Issa, Cup-of-tea
Poems: Selected Haiku of Kobayashi Issa, Asian Humanities Press, 1991, ISBN 0-89581-874-4 p.8
2. ↑ van den Heuvel, Cor. The Haiku Anthology, 2nd edition,
Simon & Schuster, 1986, ISBN 0-671-62837-2 p.11