quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Carta


Paulo,

Passei vinte  anos te procurando . Escrevi poemas que falavam do amor que tive,
 enviei mensagens marcando desesperados encontros, sussurrei palavras em seus
 ouvidos, gemi de prazer e de dor. Trago no corpo as marcas desse amor: 
são linhas na expressão do meu rosto que revelam o que eu nunca disse porque
 minhas emergências eram outras.
Registrei nossos fortuitos e  desesperados encontros em versos cheios de desejos e metáforas, escrevi cartas terminando nosso relacionamento sempre borrando-as com saudades. Você não sabe o quanto te desejei e te amei porque tudo não passou de um grito dentro do silêncio tortuoso.

Durante esses anos fui colecionando lembranças e tentei registrá-las fora do tempo, do espaço e com personagens  ávidos  de segredos. Senti o seu peso em meu corpo e o peso do infortúnio da verdade e da mentira.
Posso dizer que tive um grande amor porque  ouvi o que os amantes dizem e senti o que  eles sentem- uma dor sempre presente e uma felicidade efêmera.

Paulo, dedico-lhe essas memórias para que eu possa enfim mergulhar em teus olhos de diamante Hope, beber em tua boca salgada, explodir em ondas revoltas e emergir consciente de que o verdadeiro encontro se deu na procura.
Cecília.
06/11/12

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